SegredosDoVinho

Tudo sobre o vinho Madeira

Aprenda a reconhecer os tipos e classificações deste vinho reconhecido e apreciado no mundo todo!
     Um Vinho com nome de uma Ilha e uma Ilha com nome de um Vinho! A Ilha da Madeira, de origem vulcânica e situada a 980 km de Portugal é muito conhecida ao redor do mundo por seus encantadores e típicos vinhos. Vinhos estes, que levam o nome da ilha onde são produzidos e que podem ser fabricados secos ou doces, sendo que este último, possui um estilo muito parecido com os vinhos do Porto e também com os espanhóis Jerez. Se os vinhos Madeira doces são excelentes para sobremesas ou para encerrar as refeições, os vinhos Madeira secos são ótimos como aperitivo, para servir em coquetéis e também para o preparo de pratos e para a base de molhos que harmonizam com suculentas carnes vermelhas     Basicamente seu processo de obtenção se baseia na fermentação parcial (ou total, no caso dos secos) do mosto de uvas e sempre com a fortificação através da adição de aguardente vínica (em Portugal, mais conhecida como “bagaceira”). Devido a essa fortificação, o teor alcoólico dos vinhos da Ilha da Madeira ficam em torno dos 19 graus GL. Estes vinhos sofrem um processo de envelhecimento em barricas (chamados localmente de “cascos”). Alguns vinhos, recebem ainda o processo conhecido como “Canteiro”, onde as barricas de vinho são armazenadas em uma parte alta da bodega, próximo ao telhado, que recebe calor do sol; com a ajuda do calor, sofre uma alteração… dizemos que o vinho foi “cozido” ou “caramelizado”, tornando-o muito resistente ao tempo. São vinhos ainda, que apresentam certa oxidação, o que contribui para um estilo bem definido. Como forma alternativa ao “canteiro”, pode-se ainda armazenar o vinho em tanques de aço inoxidável aquecidos em até 50 graus Celsius, tornando mais rápido o processo e permitindo a redução no custo final do vinho.

   Antes de falar sobre as classificações dos vinhos Madeira, convém ressaltar que todo vinho produzido na ilha e que possui o selo de Indicação de Procedência, obedece os rígidos critérios definidos e controlados pelo IVBAM (Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira), garantindo a qualidade. Aliás, só vinhos produzidos na Ilha da Madeira e com o selo de origem, podem ser chamados de “Vinho Madeira”.     Como existem muitos tipos e estilos de vinho Madeira, é o rótulo de cada garrafa, que vai nos contar um pouco sobre estes estilos. Os rótulos contemplam um grande conjunto de designações, permitindo classificá-los e diferenciá-los de acordo com o ano da colheita ou a indicação da idade, o teor de açúcar, a estrutura e a forma ao qual foi produzido.
 
Indicação da Idade do Vinho

Selecionado: São vinhos com idade entre 3 e 5 anos com qualidades organolépticas dentro dos critérios estabelecidos pelo IVBAM.
Rainwater: São vinhos com idade máxima de 5 anos, de cor meio dourado a dourado e com densidade inferior a 1,0150 g/ml. Esta densidade é menor que o Vinho Madeira “Selecionado”, apresentando-se mais aquoso; Daí surge a sua classificação “Rainwater”, porém deve também seguir critérios estabelecidos pelo IVBAM para garantir a qualidade.
5 anos: São vinhos com idade entre 5 e 10 anos. Estes vinhos podem ter mencionados no rótulo o nome da uva utilizada para sua elaboração.
10 anos: São vinhos com idade entre 10 e 15 anos e também podem ter o nome da uva utilizada na elaboração.
15 anos: São vinhos com idade entre 15 e 20 anos e também podem ter o nome da uva utilizada na elaboração constando na casta.
20 anos: São vinhos com idade entre 20 e 30 anos e também podem ter o nome da uva utilizada na elaboração
30 anos: São vinhos com idade entre 30 e 40 anos e também podem ter o nome da uva utilizada na elaboração.
40 anos ou mais: São vinhos com idade igual ou superior a 40 anos e também podem ter o nome da uva utilizada na elaboração constando no rótulo. Este é o valor máximo permitido para indicação, mesmo que o vinho ultrapasse esta idade. Deve seguir padrões rígidos de cor e propriedades organolépticas definidas pelo IVBAM para garantir a qualidade e receber o selo de Indicação de Proveniência.



Indicação do ano de colheita

Soleira: É um termo destinado a vinhos com pelo menos 5 anos em barricas de carvalho no sistema soleira. É um sistema onde retira-se 10% do vinho mais antigo em barrica e completa-se com um vinho 1 ano mais novo (de qualidade igual ou superior), não excedendo 10 adições. Desta forma, obtém-se vinhos consttituídos por um corte de até 10 safras distintas, tornando mínima a diferença entre a garrafa de uma safra e outra. A safra indicada no rótulo é sempre a do vinho mais antigo, utilizado como base.
Colheita: É um termo utilizado em vinhos constituídos por pelo menos 85% de uvas da mesma vindima e de pelo menos 85% de uvas de uma só casta. A casta (tipo de uva) permitido é estabelecido pelo IVBAM e o envelhecimento mínimo é de 5 anos. Além disso, deve constar o ano da colheita e a data do engarrafamento.
Frasqueira: Significa a mesma coisa que utilizar o termo “Vintage”.
Vintage: É um termo utilizado em vinhos constituídos por pelo menos 85% de uvas da mesma vindima e de uma só casta. As castas (tipo de uva) permitido para a base e o corte é estabelecido pelo IVBAM e o envelhecimento mínimo é de 20 anos em barricas de madeira. É obrigatório mencionar no rótulo o ano da colheita e a data de engarrafamento.

Indicação do Tipo de Fabricação

Canteiro: É o vinho que recebe adição de aguardente vínica (bagaceira) durante ou imediatamente após a fermentação. Deve permanecer em barricas de carvalho por pelo menos 2 anos e não pode ser engarrafado com menos de 3 anos. Não pode ser fabricado pelo processo “estufagem”; deve seguir o processo de fabricação conhecido como “canteiro”.

Indicação do Teor de Açúcar
Extra Seco: São vinhos com densidade relativa igual ou inferior a 1,0029 g/ml. São excelentes para aperitivos e para preparação de pratos, principalmente carnes vermelhas macias. Possui no máximo 49,1 g/l de açúcares totais.
Seco: São vinhos com densidade relativa igual ou inferior a 1,0070 g/ml, sendo também excelentes para aperitivo e para preparo de pratos. Possui entre 49,1 e 64,8 g/l de açúcares totais.
Meio Seco: São vinhos com densidade relativa entre 1,0070 e 1,01150 g/ml. Possui entre 64,8 e  80,4 g/l de açúcares totais.
Meio Doce: São vinhos com densidade relativa entre 1,0150 e 1,0240 g/ml. Possui entre 80,4 e 96,1 g/l de açúcares totais. Excelente com sobremesas baseadas em frutas naturais.
Doce: São vinhos com densidade relativa superior a 1,0240 g/ml e açúcares totais que excedem 96,1 g/l. São excelentes para acompanhar sobremesas elabaoradas com frutas cristalizadas ou em calda e também para finalização de refeições.
 


Indicação de Cor

Muito Pálido: Amarelo esmaecido e quase transparente, com intensos reflexos amarelos. Cor muito encontrada em vinhos leves e jovens.
Pálido: Amarelo aberto com reflexos palha. Mais comum nos vinhos Madeira seco e meio seco, que passaram por pouca maceração e que apresenta leve oxidação devido ao envelhecimento rápido em barricas de carvalho.
Dourado: Amarelo brilhante com reflexos dourados intensos. Geralmente aportado por mais tempo nas barricas em relação ao pálido.
Meio Escuro: Cor densa e castanha com sutis reflexos atijolados.
Escuro: Intenso na cor âmbar e caramelo, com reflexos atijolados marcantes, resultado da oxidação das matérias corantes da uva e da extração de pigmentos das barricas de carvalho.
 
Indicação de Estrutura (Corpo)

Leve: Vinho de pouco corpo, porém equilibrado.
Encorpado: Vinho denso e com boa estrutura alcoólica, mas ao mesmo tempo, equilibrado.
Fino: Equilíbrio nos ácidos, dando ao vinho uma característica refrescante, com corpo firme e aromas complexos resultante do envelhecimento em barricas de carvalho.
Macio: Vinho que após envelhecimento em barricas, apresenta-se delicado e com complexo bouquet.
Aveludado: Vinho encorpado e com muito volume em boca, resultado da grande quantidade de glicerol, mas ao mesmo tempo, aveludado e untuoso.
Amadurecido: Vinho com idade, resultando em maciez, untuosidade e harmonia, com bouquet completo.

Castas utilizadas no vinho Madeira    

Abaixo estão descritas as uvas mais utilizadas para fabricação dos vinhos Madeira, embora existam também outras uvas que são permitidas pelo IVBAM:
 Tinta Negra
 Sercial
 Verdelho
 Boal (Bual)
 Malvasia (Malmsey)